quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sobre cigarros e a Lua


Era madrugada, era dezembro, claro que chovia.

No carro, voltando pra casa, o som espocando...

Your eyes...


They turn me...


Na rua nem uma alma viva

Não sei, me deu vontade de parar o carro

Assim, no meio do nada

Fiquei parado, sentado no capô

A chuvinha fina deu uma trégua

Comecei a enxergar as estrelas

Acendi um cigarro meio amassado já

Dei aquela tragada profunda que se fecha os olhos

E ouvi:

- Acho que te conheço de algum lugar

Olhei pra Lua, ela tava com um sorrisão

Inevitavelmente meu sorriso se estampou também

- Filha de Orfeu...

- Tás mudado, hein?

- Vixe, bastante. Nem sei dizer o quanto...

- Tenho visto.

- Tudo. Tudo resolvido. Nem um fio solto, nada. É até estranho.

- Por quê?

- Todos os planos e metas foram resolvidos e alcançados... E agora, tenho que repensar e planejar coisas melhores, novas, diferentes. É estranho não ter nada pra se resolver.

- Mas sabe que é bom?

- É, é ótimo. Sentimento de leveza. Pronto pra tudo o que aparecer.

- Tipo o que?

- Ah, sei lá... Sinceramente, nem posso dizer que me conheço direito. Não sabia que eu podia ser tanta coisa que às vezes até me assusta.

- Assusta por que?

- Porque não tenho medo de fazer as coisas, nada.

- E vai fazer o que agora?

- Nem sei, talvez tudo. Na minha agenda tá tudo riscado, tem que comprar outra pro ano que vem e escrever coisas novas.

Outro cigarro acesso.

- E ano que vem, Jaci, ano que vem... Muita coisa boa!

- Então já tem planos?

- Planos não, sonhos...

- Hum!

- Sonhos realizados. Por isso que eu digo não faltou nada, foi tudo!

- E pra onde correr?

- Talvez eu compre um mapa, talvez uma bola de vôlei e siga sem saber muito bem pra onde ir, sem rumo, esperando a próxima curva, a próxima chegada.

- Sozinho?

- Não...

- Hum!

- Eu e a Lua.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A quem interessar possa

Um dos meus maiores defeitos, pra mim, é a falta de hábito de leitura. Engraçado que quando eu viajo eu leio bastante, devoro livros inteiros como se fosse história em quadrinhos, mas quando desembarco aquele livro ali sempre fica adiado, de lado, guardado na estante.

No início deste ano eu visitei a livraria cultura em SP e fiquei babando por um monte de coisas lá, entre elas a coleção de Saramago, mas acabei nem comprando, levei outros técnicos ou mais suaves.

Até que vi o filme Ensaio Sobre a Cegueira e no final eu não conseguia me levantar da poltrona, mesmo os meus amigos já longe da sala.

Na sequência, minha mãe fez aniversário e não pensei duas vezes, comprei o livro pra ela. Sim, sim, foi um presente meio pensando já no depois que ela acabasse de ler.

E vai coincidir com o cumprimento das minhas metas de 2008 e para 2009 já tenho a segunda (a primeira vide os posts anteriores) que é me debruçar sobre a obra dele.

Agora, como o maomé não foi a montanha, o Saramago tem um blog, tá aí nos meus cliques perigosos.

Por ora, já é pelo menos um pouquinho do que me aguarda ano que vem.

Até daqui a pouco.

: )