domingo, 1 de março de 2009

Noites vermelhas...

Tenho duas versões de mim mesmo
Uma pela manhã, outra pela noite
Talvez seja bipolar, talvez seja normal
Mas acho que me considero de verdade quando o sol já se pôs
Ou talvez como sol esconda as estrelas
Ele também não mostre aquilo que não se quer revelar
Seja isso essência ou seja medo
Não sei
Mas tenho esperado demais pela noite
Por ser mais fácil de transparecer desejo
Por ser mais fácil de sentir, de falar, de querer
Não sei
Mas o que deva ser falado, sentido ou querido
Só me vem depois do pôr-do-sol
É quando me sinto mais latente
É quando te falo o que quero sem pensar duas vezes
E me desarmo com sorrisos e beijos de boa noite
Vulnerável
Total
Coisas que te digo que nunca diria ao meio-dia
E coisas que sinto que nunca se sentem depois de um café
Mas quem vai dizer?
Eu não, não agora com o sol
Não faz sentido algum
Não encaixa dentro de vida normal
Mas é o que se sente antes de dormir
Quando o cabelo tá bagunçado
Quando não resta mais nada, nem ninguém
Não sei
Mas é sentido e é sonhado
Mas não triste, não melancolia
Sentimento bom, sentimento que falta
Mas que não raia
E quem vai dizer?
Nem sei se me faço entender
Eu tento não transparecer tanto
Mas me desarmo com sorrisos e beijos de boa noite
Nem queria, juro
Não por fazer mal, não faz
Mas por não fazer sentido, não faz
Mas é sentido
O que fazer?
Não sei
Poderia dar mil explicações
Mas à luz do dia, quem vai dizer?
É por isso que eu preciso da noite
Da madrugada
De amanhecer o dia já mal dormido da segunda
É que me dá coragem
De enfrentar um exército com os braços e peito aberto
Talvez não seja eu
Seja a noite
Vermelha
Molhada
Mas talvez seja eu
Encharcado
Mas quem vai dizer?
Eu?
Que de manhã passo ao seu lado
Quantas e quantas vezes sem te ver
Precisei e sempre da noite pra entender
O que nunca fica claro
Porque ainda é noite
Mas que não deixa de ser
Porque é vermelho
Como a chuva
Porque é distante como a lua
Porque não é dia
Mas quem é que vai dizer?
Não eu
E se for
Não hoje
Porque já amanhece
E leva junto as estrelas
E também o sonho
E me faz pensar, pensar e pensar
E esperar de novo
Pelo pôr-do-sol
E esperar de novo, por mim
E quem vai dizer?
Talvez a noite
Talvez à noite

Nenhum comentário: