segunda-feira, 28 de abril de 2008

Depois da chuva...

Amor,
A chuva passou
Vem pra fora ver
Os primeiros raios de sol
Tocarem o nosso rosto

Levanta,
Arruma as coisas
Leva só o necessário
Sente o cheiro da rua molhada

Escolha as melhores roupas
Joga fora o que não servir mais
Olha no espelho
Olha nos seus olhos
E sorri

Deixa,
Que a chuva lavou
Levou e apagou
O caminho de marcas de pé

Chuva,
O amor passou
Vem pra fora ver
Os primeiros rostos
Tornarem o nosso raio de sol

quinta-feira, 24 de abril de 2008

House of Cards

O Radiohead fez uma apresentação em um programa de entrevistas do canal NBC, em Nova Iorque, mas sem viajar até lá. Permaneceram na Inglaterra e fizeram ao vivo em um estúdio. A razão? Thom Yorke explicou...

"The reason we’re not there is because we’re here. Because it’s a bloody long way. And every time you fly to New York it’s the equivalent of driving your car for a whole year in CO2 emissions. Thom Yorke dedicated the song to “that ****** who walked away from Kyoto agreement”.



I don't wanna be your friend
I just wanna be your lover
No matter how it ends
No matter how it starts
Care about your house of cards
And I'll deal mine

Forget about your house of cards
And I'll deal mine
Forget about your house of cards
andI I'll deal mine

Fall off the table
Get swept under

Denial, Denial

The infrastructure will collapse
From vaulted spikes
Throw your keys in the bowl baby
Kiss your husband good night

Forget about your house of cards
And I'll deal mine
Forget about your house of cards
andI I'll deal mine

Fall off the table
Get swept under

Denial, Denial

Denial, Denial

Your ears should be burning

Denial, Denial

Your ears should be burn

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O ônibus azul

Hoje, acordei um pouco diferente. Estava me sentindo estranho. Não sabia dizer onde eu estava. Era um quarto grande e branco, tudo era muito branco. O quarto tinha um colchão imenso e um telefone próximo. Só tinha uma porta e uma luz em cima. Caminhei para a porta, abri e encontrei um corredor enorme à minha esquerda e tinha um espelho no meu lado direito. Me olhei no espelho e então eu percebi: Eu estava totalmente preto, como se fosse uma forma sem rosto, sem marcas, nem definições. Era simplesmente uma forma preta. Como poderia ter me transformado nesta forma que estava nesse mundo estranho e sem cor?

Caminhei em direção do corredor à minha esquerda, era um longo corredor muito claro, muito branco. Depois de algum tempo tentando achar o fim, cheguei até uma porta azul. Não pensei duas vezes e tentei sair desse pesadelo através da porta azul. Era uma festa com várias formas humanas brancas que pareciam homens e formas azuis que pareciam mulheres, vários deles, mas o mesmo formato. A música era angustiante e intrigante, falava algo que eu não entendia, era uma língua estranha, mas eu entendia que aquilo me chamava pra me tornar branco ou azul. O ambiente era completamente estranho, como se estivéssemos dentro de um grande cubo branco, ou era azul? Não conseguia dizer...

Continuei andando e olhando as pessoas, eu era o único diferente, mas aquilo parecia não ter a menor importância. Eu era invisível! – pensei – ou então estava morto? Será que a morte é isto? Tudo que eu conseguia ver eram formas brancas e azuis, paredes e lugares sem saída. O cubo era gigantesco, e a multidão de homens e mulheres formas não terminava, nem o lugar. As formas se beijavam, dançavam aquela música alucinógena. Lembrei-me que as espécies têm visões diferentes, uns vêem cor, outros não. Era isso então que eu tinha me tornado, um outro ser, mas não humano? Qual seria então o jeito certo, o jeito real de ver as coisas?

Sentei-me num único banco, branco, vazio, apesar de toda aquela gente. Tentei achar alguma diferença entre aqueles seres humanos ou não, sei lá. Eu era uma forma preta, num mundo branco onde as mulheres eram azuis e os homens brancos. Algumas horas se passaram enquanto eu estava sentado tentando entender o que tinha acontecido, o que aquilo significava, que tipo de sonho era aquilo? O telefone! O telefone seria a saída!

Rapidamente tentei achar a porta azul de volta e, de repente não conseguia correr. Já sei, nunca consegui correr em meus sonhos, era isso, era um sonho! Droga! Na certa eu sabia que isso não era um sonho, não parecia sonho de jeito nenhum, era muito real pra ser um sonho, eu sentia isso. Parecia que eu corria debaixo d água, uma resistência muito forte a ser vencida com velocidade. Por sorte, eu, aquele homem-forma preta invisível achei a porta azul. Percorri o corredor mais rápido que eu pude, um tanto tempo depois eu cheguei a porta branca, mas ela estava em outro lugar, ela estava à minha esquerda do outro lado onde ela deveria estar. O espelho continuava o mesmo, com a mesma forma preta olhando para ele. Entrei na porta branca e era o mesmo quarto, mas o avesso do primeiro. O mesmo colchão e o mesmo telefone. Peguei o telefone e alguém parece que estava me esperando do outro lado, uma mulher, falando uma língua mais estranha do que a cantada nas músicas alucinógenas daquele cubo imenso. De repente a pessoa pareceu se despedir de mim e bateu à porta. Eu fiquei extremamente assustado com isso, queria logo sair desse pesadelo. Abri a porta e lá encontrei um bilhete com inscrições conhecidas, legíveis e me dizendo apenas: “encontre-me atrás do ônibus azul”.

Ouvi uma porta se fechando, mas ela não vinha da minha esquerda, ela vinha do espelho. Senti angústia, olhei para o espelho, era a minha forma preta, mas não era eu, não acompanhava meus movimentos. Chamava-me com as mãos e começou a dizer com a minha voz: “tome as rédeas! Tome as rédeas!” Fiquei paralisado com aquilo, como se tivesse hipnotizado, enfeitiçado, dominado por algo que eu sabia que era eu mesmo me dizendo: “o ônibus azul está nos chamando!”

Já não controlava meus movimentos, fui em direção ao espelho e ultrapassei-o. Comecei a cair no escuro, meus movimentos se dilataram, meus movimentos dilataram, eu não conseguia mais gritar! Silêncio total! Eu não ouvia meus gritos! Eu não ouvia meus gritos, só ouvia a minha própria voz na minha cabeça dizendo “tome às rédeas! Tome as rédeas!”
Enfim, caí em cima de um colchão, numa sala completamente escura, parecia ser a mesma sala de antes. Então a porta se abriu, um clarão se fez sobre a minha vista e eu escutei o barulho do telefone fora da sala. Não tinha mais o que fazer senão ir atrás. Era uma garagem sem cor, com um ônibus azul e a voz do telefone em uma forma feminina vermelha, dizendo somente “o ônibus azul está nos chamando!”. Ela estava sentada no assento do motorista e eu entrei no ônibus. A porta da garagem se abriu e eu vi um mundo cheio de cores, então esta mulher me levou para fora.

Prefácio...

Esta estória que eu vou postar tem no mínimo uns cinco anos. E como disse que poderia colocar coisas que nem eu mesmo concordava ou nem gostasse mais, resolvi publicá-la na íntegra, só com algumas correções gramaticais e de pontuação.

Não vou modificar o conteúdo porque o autor dela (Eu, tempos atrás) era uma pessoa diferente que pode de uma forma ou de outra não gostar da minha intromissão na estória dele.

Hope you like it

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sei o caminho dos barcos...

Claude Monet: The Studio Boat

Nessa vida, nós somos como barcos
E como barcos, precisamos sempre aportar
Senão a maré leva, e ficamos à deriva, por aí, ao acaso das intempéries da vida
É preciso sempre amarrar as cordas em cabeços de portos seguros
A gente vai fazendo isso durante toda a vida
Cada vez mais e mais, alguns se soltam, submergem ou simplesmente afrouxam
Mas eles tão sempre ali
Mesmo quando a gente pensa que algumas cordas estão desamarradas
Mesmo que a gente ache que é necessária só uma corda
Muitas vezes a gente acha que é necessário só uma corda
Mas para ser só uma e continuar firme, te segurando pra não ir embora
A corda precisa ser maior e o nó mais forte
Só que o nó não é laço
Ele é apertado, sufocante e com o tempo fadiga
Fadiga e pode arrebentar
Fadiga e quando tu menos esperas
Estás solto, indo onde a sorte desejar
E então, a vida, a sorte, Deus, ou quem quer que seja
Te surpreendem de novo
E quando vês, as cordas que pareciam ter sumido vêm à tona
E te trazem de volta
Te puxam com força
Pra um novo porto seguro

Obrigado às minhas cordas!
Ninguém faz nada sozinho
Boa semana à todos

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Don´t get any big ideas...

Existe milhares de coisas que eu gostaria de escrever sobre.

Mas a maioria delas já foram ditas

É este o caso



Don´t get any big ideas
They´re not gonna happen
You paint yourself white
And fell up with noise
But there will be something missing

And now that you´ve found it, it´s gone
And now that you fell it, you don´t
You´ve gone off the rail

So don´t get any big ideas
they´re not gonna happen
You´ll go to hell for what your dirty mind is thinking


Um beijo a todos

Fiquem próximos

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Bola do Jogo

Esperava por isso a semana inteira
Com um olhar perdido, calçava as meias
Como se pensasse em tudo ao mesmo tempo
Sem respostas,
continuava o ritual
Bolsa, toalhas e chaves
Tudo ali, pronto

A chuva, as luzes
O trânsito
O trabalho difícil
O pensamento longe

O verde
os abraços
e a bola
Que veio em sua direção
como um cão a lhe recepcionar,
a esperar pelo afago
Com carinho a sentiu
e chutou pra longe
pra saber até onde ia
até onde podia

E ela rolou, entre homens diferentes
à espera de algum rumo
de alguém que lhe quisesse
mas que quisesse chutar pra longe

Entre chutes, gritos, erros
O que se sentia
Era a alegria de esquecer
Já não havia dor
Quando a bola chegou aos seus pés
E ele decidiu que era hora
E partiu, correndo
Como um faminto atrás de um prato
Veio a trombada, o drible, a pegada
Pelo momento, o mais difícil de seus problemas
Não mais importava, nem sua vida
Nem sua história,
Eram todos iguais agora
Tentando esquecer,
continuar

Não havia mais nada
Quando parou e o goleiro caiu
Chutou
como uma injeção de vida
que entra na veia
Como um remédio
que cura qualquer mal

E em seu peito,
Por um instante, a paz
Não havia mais nada
Só o desabafo
E o grito de gol

O coração suado
Com forças pra agüentar
Até a próxima semana

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Radiohead na BBC

Embedded Image

O radiohead está começando a entrar em turnê. Começa mesmo mês que vem, e eu ainda tenho esperanças que eles venham um dia ao Brasil. Em vida, ainda verei um show.

No site da BBC tem o audio do show que eles fizeram em um programa de rádio, que foi divido em duas partes: a primeira pela tarde e a segunda pela noite, este é o da noite:

Essa playlist é matadora:

Bodysnatchers
All I Need
Nude
Airbag
Reckoner
The Tourist
House of Cards
Arpeggi
Lucky
Everything in its right place

Se eu já quase tenho um negócio só de ouvir, imagine o dia que eu estiver presente.

Abraços a todos

In a neon sign scrolling up and down, I am born again

UPDATE: Para download do show, clique aqui

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Luta

De olhos fechados ouvia uma voz ao fundo gritar, contando segundos intermináveis:

- 57! 58! 59! 60!

Tentei abrir os olhos, mas luzes rodavam à minha cabeça, minha vista era embaçada e eu sentia dor, muita dor! No meu rosto, no meu peito, nos meus braços, tudo estava ardendo como se tivesse caído no chão violentamente.

Aos poucos, fui recobrando a consciência, vi que estava deitado sobre um chão frio, úmido, fétido, que as luzes eram na verdade refletores. Tentei sentir meu rosto com as mãos, mas nelas existiam luvas. Luvas? Luvas de boxe!

- Que porra é...?

Quando dei por mim, estava num ringue de boxe, em um galpão velho, mal iluminado além daquele quadrado rodeado por cordas negras e dentro dele havia uma estátua, não gigante, mas bem maior do que eu, uns três metros de altura, diria. Ali, imóvel, impávido, em forma de homem, um bem forte. Não entendia nada, quando percebi de onde vinha aquela voz que contava, e já estava bem adiantado:

- 121! 122! 123! – Um homem careca com a camisa listrada contava gritando.

- Que porra é essa? - Perguntei

- 124! 125! 126! – Continuava sem hesitar.

- Ei, to falando contigo! Que porra que eu tou fazendo aqui?

Nada. Só contava, mexendo o braço, como se me esperasse desistir. Levantei o tronco, fiquei sentado, recuperando as minhas forças, não entendendo o que tava acontecendo ali. Com dificuldade fui me postando de pé e quando finalmente consegui me reerguer, a estátua se moveu, rápido, como um touro, veio em minha direção e me aplicou um soco certeiro no meio da cara com tanta a força, mas tanta força que meus pés levantaram ao cair para trás, de cara no chão, com a boca sangrando, e cuspi alguns dentes. A estátua voltou a ficar imóvel e o careca voltou a contar:

-130! 131! 132!

- AAAHHHHHH!!!

Que dor! Que dor infernal! O que era aquilo, meu deus? Que porra de monstro de pedra é esse? E por que eu tava lutando? Nunca nem briguei no colégio. O que é isso?

A dor me consumia ao mesmo tempo em que o sangue se espalhava pelo chão. Atordoado, sem saber o que fazer, tentei me arrastar pra fora do ringue, mas não consegui. Não podia sair dali. E agora, se eu ficar em pé esse bicho me ataca de novo. O careca já tinha aumentado a sua conta em muitos números e eu ali sem saber o que fazer.

Decidi me levantar de novo e mal cabia em pé e o cara de pedra já me atacava, ferozmente, desferiu jebs, cruzados, diretos e por fim quando cai de joelhos, um golpe nas minhas costas com as duas mãos que mais pareciam um machado.

Levantei mais uma vez e cada vez mais golpes, mais sofrimento sobre meus pés e apanhando muito. Os números se multiplicando e eu ali, caindo pra levantar pra cair de novo. Quanto mais o tempo passava, mais tempo eu conseguia ficar em pé e mais golpes eu levava até não conseguir resistir e ir pro chão de novo. Quando o careca tava lá pelos seus quinhentos e pouco, eu já me jogava no chão de propósito quando não agüentava.

- Meu Deus, como é q eu saio disso? - Fiquei estático, sentindo dor, agora não tinha parte do meu corpo que não estivesse ardendo. Comecei a me desesperar, e agora, o que eu faço?
Aquilo tava me cansando e eu ficava cada vez mais puto, e o cara gritando no meu ouvido só piorava a situação.

- Cala a boca, desgraçado!

Era como se eu não estivesse ali. Continuava. Como um robô.

Sem saída. Sentado. Olhando aquilo acontecer e não acreditando. O que eu tinha que fazer? Enfrentar essa... coisa até eu morrer? Comecei a ficar desesperado, olhar em volta e nada, não tinha absolutamente nada, nem ninguém que pudesse me dar uma luz. Chorando, gritei:

- Por que eu tenho que me levantar daqui? Por quê? Por quê? Por quê? – socava o chão com toda a força do mundo.

De repente, o careca parou de contar.

Encarei. Ele ficou parado, olhar perdido. Sem entender, comecei a sentir raiva. A raiva me subia, transformava-se numa ira fulminante, em ódio, eu gritava cada vez mais alto, até não conseguir mais ouvir meus próprios gritos.

Sem perceber, estava de pé, o monstro de pedra veio em minha direção e eu o encarei. Ele desferiu o golpe em mim e eu me defendi.

Então, senti o braço dele ruir, estalando como um prédio desabando, quebrando em pedaços e o monstro ficou de joelhos. Ficamos cara a cara e com toda a força dei um soco em seu peito que afundou a minha mão e foi rachando seu corpo em pedaços, se desfazendo bem na minha frente.

Exausto, dobrei meus joelhos e apoiei minhas mãos no chão.

Em pé, fora do ringue, o careca suspirou e falou:

- Fim de combate!

Bem-vindos

Sejam bem vindos ao meu blog.

Aqui vou colocar um pouco das coisas que escrevo ou que já escrevi sobre reflexões, vidas, paixões, amores, dores e aquilo que passar pela minha cabeça.

Algumas coisas podem parecer estranhas e não fazerem sentido, mas não se preocupem, às vezes nem eu realmente entendo o que escrevi depois de algum tempo.

As coisas que aqui serão lidas representam um retrato de determinado momento, não necessariamente uma idéia elaborada metodologicamente pretendendo ser uma tese científica, são só espasmos de opiniões que podem até certo ponto ser discordantes inclusive de mim mesmo.

Sem pretensões literárias, só um monte de idéias que surgem e vão sendo dedilhadas em algum teclado.

Fiquem à vontade nesse meu cantinho de mundo e não reparem na bagunça.

Abraços