quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A estória de Yo La Tango

E então, tudo mudou de novo

Os novos planos se tornaram velhos

Os velhos se ajeitaram de novo

E agora tem muita estória pela frente

E como toda estória, tem trilha sonora

A minha estória de São Paulo começa assim:

Umas imagens desfocadas de alguém caminhando com uma mala, bem de manhã

O sol criando força no horizonte e mostrando a cara

E que continua vindo até ao olharmos para ele, a nossa visão branqueia

E da janela do avião eu vejo aquela mata ficar cada vez menor

E a música que rola ao fundo é essa:

We stared at the sun, too long

until the shapes before our eyes

turned into the sun, in our eyes

We lied to ourselves for awhile

in our usual style

I wish we could ride

To ourselves again




"E nós tentamos, tentamos com toda a nossa força

Nós botamos o teatro abaixo

Corremos apressado o nosso caminho

Demos tão duro!"

Sem dúvida, Mr. Ira

Você sabe por que?

Sabe quando se anda assim

Olhando pra cima, devagar

Imaginado coisas, infinitas

E te passa muita idéia pela cabeça

Muita mesmo

Parece que tás sonhando e os sonhos se projetam nas nuvens

Por trás dos prédios, como filme

Aquela imagem monocromática se mexendo

Até que alguém te esbarra porque você não tava prestando atenção na rua

Coisas meio sem razão

Mas vai saber


Nessa fração de segundo tudo mudou na sua vida

Novos planos, novos finais de novela

Novas mulheres

Por alguns segundos

E a realidade que te insiste em puxar o tapete

Da buzina do carro da rua meio atravessada

Ah, o acaso que me assusta

Ou minha cabeça

Mas não adianta que ela não pára nunca

Por mais que eu pare, que deite

Ela continuar a me levar nos lugares mais improváveis, inóspitos, curiosos,

Ao lado de pessoas que piscaram “entrar online”

Sou levado aos momentos mais insanos

Eu, com um guarda-chuva e a cara pintada

E o canhão de luz que revela o cantor

Eu

E a banda atrás, e as imagens projetadas em pedaços de panos rasgados

Criando um calendoscópio de imagens de chuva, de noite, da lua

Ao mesmo tempo em que a subida me toma todo o ar de dentro

E me faz suar, mesmo que o tempo peça casaco

Realidade e imaginação que se entrelaçam como se fosse rede

E eu, em meio a tudo isso, continuo passando, tentando e acordando

E querendo dormir, sonhando com o palco, com a vida planejada

E ainda no mundo das idéias

E tenho estado por lá

Junto com Judy e seus sonhos

Ou com o suspiro dos anjos

Pode ser que eu esteja mesmo assim

Indo bem ali e já volto

Ou pode ser que eu fique por aqui

Vai saber

Mas eu escolhi

Eu quis estar aqui

E sim, vou continuar seguindo

Sonhando bastante

Porque tenho muito o que sonhar ainda

Já te disse que a minha vida é papel em branco, já não?

Você sabe porque eu estou aqui, não?

Sim,

Eu sei que você sabe o porquê.

sábado, 3 de outubro de 2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Filme sem nome...

E a cidade então estranha

Foi ficando com cara de quintal

E as ruas bloqueadas a cada passo se abrem

Criam imagem

Surgem à mente

E o que era um espasmo, uma loucura

Uma doidice, como dizem meus pares

Torna-se um rumo, uma estória

E começa a ter o que se falar

As letrinhas pararam de aparecer

O começo do primeiro ato surge

Como manhã

Como avião pousando

Como pessoa acordando

E vocês vêm e conhecem

E apesar de nenhuma intimidade

É o início da relação

Que é um pano branco com imagens que se movimentam

É tudo muito fresco

Com sabor de prato novo

De surpresa

Que não se sabe nada

E nem se quer saber

Que venha logo o segundo ato desta estória

Que nos indique algum futuro

Qualquer futuro

E se comece, recomece

Mas tu sabes

Só tu sabes o que estás atrás

Que por mais que seja o escuro

O desconhecido

O desencontro que te espera na próxima esquina

És disso que estás atrás

Então que parem as letrinhas

E o título que não existe

E se comece o filme

E se comece a estória de verdade

terça-feira, 25 de agosto de 2009

sábado, 22 de agosto de 2009

Folha em branco

Quando eu comecei a desenhar

Não imaginei que seria assim

Construir uma vida

Com tantos planos na cabeça

Sempre surge a dúvida

E o embaraço

E o confronto

E achar que é preciso fazer tudo

Mas tudo o que está aqui?

Rabisco

Amasso o papel

Recomeço

E o que tenho?

Mil idéias

Pra onde?

Rabisco e amasso o papel

Deixo pendurado na parede

Continuo desenhando

E penduro na parede

E outra folha

De repente

Os rabiscos me mostram um caminho

A idéia?

Será?

É isso

Uma luz, uma epifania de novo!

E vou e volto

Desenho o céu todo

E recomeço

Os rabiscos pendurados na parede sempre me guiam

Pra tentar de novo

E eu tento com toda minha força

Com a folha em branco

Ali, nova na sua frente

Sem nada, imaculada

Eu posso fazer qualquer coisa

Qualquer

E eu só preciso de uma coisa

Além das minhas mil idéias

Só uma

Um lápis

domingo, 16 de agosto de 2009

Chegadas & Partidas

Nesse momento meio maluco que eu tou passando, de largar tudo e vir tentar viver em um local completamente novo, não me restou tempo nem cabeça para escrever alguma coisa. Minha amiga Ana Lídia me indicou para uma reportagem sobre o dia dos pais e eu aceitei a entrevista junto com o meu pai. A reportagem foi feita na sexta e publicada no sábado. Não tive tempo de ler a reportagem no papel, entrei no avião momento antes de lerem o jornal no aeroporto mesmo. Quando cheguei, li e fiquei bastante emocionado. Não era preciso escrever nada.

Publicada pelo Diário do Pará no dia 8/8/9 - Dia da minha viagem


Dia dos pais: distância superada pelo amor

O estádio está lotado. A arquibancada estremece com a torcida pelos times que jogam. Gritos e hinos são sintomas da paixão que move milhares de pessoas ao Mangueirão. E, em meio à euforia, o time faz um gol. Coração dispara e um abraço no parceiro ao lado sela a alegria de presenciar o gol. Para Victor Palheta, nada melhor que dar um abraço no amigo que sempre está presente nas vitórias do time e da vida, o pai, Clélio Palheta.

Os pais de Victor se separaram quando ele tinha menos de um ano, mas a distância não foi empecilho para que Clélio e o filho descobrissem o futebol e a música em comum. O pai é compositor e adora música brasileira, mas tem uma queda pelos rocks setencistas, que são os favoritos do filho. Noites regadas a Pink Floyd e Beatles já embalaram essa relação.

Clélio conta que a amizade com a mãe do filho foi muito importante para que o contato com Victor não sofresse abalos. “Eu sempre fui amigo dela e isso contribuiu para que a distância fosse minimizada”. Ele diz ter sentido receio do que seria seu relacionamento com Victor quando se separou da esposa.

Para participar dos passos do filho, Clélio ia buscar o garoto na creche. “De lá eu encostava nas praças para brincar com ele. Nós sempre fazíamos programações para não haver qualquer distanciamento entre nós”.

Clélio fala da infância do filho com certa saudade e diz que queria ter partilhado mais da vida dele, “até das tolices”. Mas, para ele, a separação não foi problema para que o amor e amizade com Victor se intensificassem.

Esse ano, Clélio não comemora o Dia dos Pais com o filho. É que ele segue para São Paulo, onde dará continuidade à profissão. O pai diz que não irá chorar, mas ficará emocionado. Clélio foi criado no antigo sistema de que homem não chora, mas se emociona. “Eu só quero que meu filho tenha muito sucesso”, fala.

Ele diz que essa distância não afetará a relação, cuja separação nunca foi um diferencial para que as conversas, as brincadeiras e os incontáveis almoços acontecessem nos finas de semana ou nas férias, quando pai e filho ganhavam a estrada rumo à praia.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Duplissonhando...

Era começo de madrugada, na beira da praia, um cigarro aceso e as ondas que tocavam os pés descalços. Nos trejeitos, alguém que já tinha bebido alguma coisa o dia inteiro. A baforada e o olhar contemplativo pro céu que não se via estrelado há um bom tempo por conta da chuva naquela região.

Era uma noite bonita e bastante clara pela lua e pela ausência de luminosidade artificial próxima, que eram intercalados por faróis de automóveis indo e vindo e pelos locais de festa distantes daquele lugar.

Eu olhava pro céu como sempre gostava e há tempos não fazia. Ali, meio bêbado pelo dia todo, ouvi sem me assustar uma voz feminina chamar.

- Que sorriso estranho esse no seu rosto?

Olhei pra cima e a vi, a lua, sorrindo, bem grande, avermelhava o céu de tão intensa. Sorri com sorriso de mostrar os dentes, como se encontrasse alguém há muito querido.

- Quanto tempo não nos falamos?

- É verdade. Um longo período de silêncio e também que não te vejo por aí, desprendido. O que se passa?

- Ah, desprendimento é realmente algo que não está em mim agora. Só ando sonhando sobre meu futuro e tendo que me desfazer de coisas que nem sei como, só sei quando.

- Sonhando sobre o futuro? Interessante. Tem que ter algo de liberdade pra se fazer isso. Pelo visto já tens, o que falta fazer?

- Na verdade, nada. Há muito tempo, me sinto solto por dentro, não consigo me apegar a nada nem a ninguém, é bem verdade. Ando contando com desejos improváveis e sonhos nada reais...

- Sonhos nunca foram muito reais. Tu podes sem problema continuar com eles e viver sossegado.

- É verdade, mas eles têm me tomado tempo por demais. Até que certo ponto posso ficar assim, desejando e sonhando feito louco?

- Até achares que deves. Relaxa, baby.

- Ah, mas a ansiedade tá me devorando. O que vai acontecer depois? Será que posso esperar por isso? E quando chegar, e tudo aquilo que desejei, que sonhei repetidamente que ia acontecer, da mesma forma, com a mesma música, com as mesmas palavras... Os momentos, aqueles momentos, sabe? que te mudam por completo, estão vindo, estão chegando, estão logo ali, depois de virar a esquina. Mas...

- Mas?

- Será?

- Não se sabe. Nunca se sabe. Essas coisas são imprevisíveis. Mas tu já aprendeste como é que funciona tudo isso, não? E eu sei que não tens mais medo de ser sincero até contigo mesmo, o que é mais difícil. Vai fazer as coisas acontecerem e falar abertamente sobre, como tu sempre fizeste. Eu sei que vai.

- É que isso realmente me importa. O nervosismo e ansiedade aqui estão realmente ficando, me fazendo ficar louco, pensando, desejando.

- Deseje, deseje bem. Deseje com a alma, que isso vai te trazer mais pra próximo daquilo que tu és, e o que eu sempre vi. Nada de errado com agora, não. Mas eu sei como és, de verdade.

- Essas coisas se eu falo, ninguém me diz nada, somente tu. Ninguém sabe de ti aí longe e os poucos que conhecem a história realmente não se dão conta do que isso é pra mim, na verdade. Nem tu, acredito.

- Ah, mas sei sim. Apesar de tuas dúvidas e da maior parte do meu silêncio. Sabes que estarei bem aqui, nesse lugar e sabes como chegar até mim.

- Sei que sim. Sei que te verei em breve, ao dobrar a esquina. Posso chegar mais perto, sei sim. E essa é minha grande vontade, sempre foi. Mas fala pra ninguém, não! Já me acham meio maluco no normal, imagine se ficarem sabendo dessas coisas.

- Desejos e sonhos não são para ter vergonha de falar e nem esconder. Podes falar abertamente sobre isso, ainda melhor quando for de noite. As coisas ficam mais fáceis de acreditar. Tou dizendo.

- Ah, a noite. O que seria de mim sem ela? A manhã que me desculpe, mas prefiro a noite. Quando te conheci e quando sempre falo contigo. Por aí, perdido, sozinho no carro, no meio da rua, ou olhando as estrelas na beira de uma praia, não teria coisa que me deixe mais contente do que falar contigo. Talvez seja loucura, e até acredito que seja. Mas não vou deixar de sorrir desta forma aqui e nem de desejar te ver de novo e ficar pensando o que vou te dizer da próxima vez que nos falarmos.

- E quando vai ser?

- Não sei bem ao certo. Mas, logo. Bem em breve...

Sorri e apaguei o cigarro continuando sem saber do futuro, mas aquele sorriso da despedida não se via há tempos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Abra los ojos...

O que é mais fácil:

Esperar por alguém que não se conhece

Ou por alguém que já se ama?

Acordar todo o dia e pensar, pensar e pensar

E imaginar como seria?

Um rosto que se conhece

Ou que nunca se viu, que só imagina

Fazer planos malucos que só existem dentro da tua cabeça

De viagens loucas, paradisíacas, com happy-ends

Ou esperar o próximo encontro?

O que é mais difícil?

Acordar todo dia e lembrar onde é que está?

Ou imaginar que pode andar perto ou bem longe?

De rostos que mudam a cada semana, a cada noite

E que vêm com intensidade de tempestade

E vão como a água que escorre pelas ruas

E dez meses se passam e o que é mais fácil?

Sair por aí, procurando

Ou esperar?

Sabe-se lá como

Mas muito bem o porquê

Que mesmo o mais louco dos racionais

Ao se confrontar com a dúvida, dirá

Sim, te espero!


(Para Marcel & Gabi)

terça-feira, 12 de maio de 2009

O medo do astronauta

Imagino o sentimento de navegadores há mais de 500 anos

Partindo em viagens cujo destino era tão somente o desconhecido

Qual sentimento?

Deveria ser um misto de medo com curiosidade de criança

Aquela que mete o dedo na tomada

Descobrindo e aprendendo

O frio na barriga que dá

A ansiedade

Como a fila de uma montanha-russa

Você pode até imaginar o que pode acontecer

Mas nunca se prevê o que se sente

Medo

Mas medo é bom

Como o último passo antes de pular do trampolim

E mesmo assim pula

E pega choque

E descobre um mundo completamente novo

Com pessoas novas

E assim se cresce

E se conhece

Um universo inteiro

Mas que tá tudo aqui dentro mesmo

Houston já começou a contar

Agora é só respirar fundo

E ir

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sei o caminho dos barcos... O outro lado


Motion Picture Soundtrack - Radiohead
Imagem surrupiada de Chico cavalcante

Nessa vida, somos como barcos

E como barcos, sempre precisamos navegar

Fomos feitos para isso

Chega um dia em que o laço é desfeito no porto

E temos que sair por aí

Cortando rios calmos, como se tivessem sido passados à ferro

Atravessando mares e oceanos

Por vezes agitados, cheio de ondas gigantes

Correntes fortes e escuridão

Mas mesmo em dia de Lua Nova

Que não se enxerga um palmo à sua frente

Dá pra continuar a trilhar seu caminho e chegar ao lugar que se quer

Porque dá pra ver lá de longe a luz da cidade grande

Rasgando o céu limitado por mato e firmamento

Iluminado de uma cor laranja-aurora

E é só seguir o rumo do rio


Sei que sou um barco porque sou amazônida

E preciso sempre estar próximo a um rio pra me sentir bem

Me sentir perto da minha terra, aliás da minha água que é a Amazônia


Mas eu sei que sou barco porque preciso de rio

E sei que o rio que tem em minha cidade é que vai me levar por aí

E que vai dar no mar

Que vai me levar a onde for possível ir

E principalmente, onde for querido ir

E posso, porque sou barco, não sou canoa

E o mesmo rio que me leva

Vai ser o rio que sempre vai me trazer

De volta ao meu porto

segunda-feira, 30 de março de 2009

1 ano de blog

Amanhã fará um ano desde que eu postei a primeira mensagem aqui no blog. Confesso que não era muito fã dessas coisas até que tomei gosto por mostrar pras pessoas aquilo que eu escrevia.

Antes era raro alguém ler alguma coisa minha, mesmo os mais próximos e agora já falo abertamente sobre muita coisa do que penso, o que é uma evolução, então ponto para o blog.

Vou procurar fazer algumas mudanças temáticas, por vezes acho isso aqui muito obscuro e deprê, mas ninguém consegue ser qualquer coisa o tempo inteiro. Então vou mesclar com outros temas, coisa mais light e não vai ficar restrito só a texto.

No mais, gostaria de agradecer ao feedback que tenho recebido daqueles que visitam o blog frequentemente e ajudou bastante a dar continuidade a um projeto que começou por muito acaso e agora me faz pensar bastante sobre.

É isto, fiquem à vontade e até breve.

Beijos a todos.

Ingressos guardados

Todo e qualquer objeto tem por trás um pensamento

Uma idéia

Todo e qualquer objeto teve uma idéia antes

Alguém pensou como fazê-lo

Alguém imputou algum significado

Significado que ao chegar em mãos de outro

Já se transformou em algo completamente diferente

Em relacionamento e lembranças

Em história

Como objetos pertencentes a um povo que já não existe

E que é a única coisa que nos conecta a ele

E assim podemos conhecer sua vida

Seus costumes e sua cultura

E aprender com isso

E se sentir parte

E traduzir isso pra o que somos hoje

Objetos falam

Como os ingressos que guardo

Um em especial entrou pra coleção

E um pequeno pedaço de papel

Que me transporta pra longe

O seu objeto é tão somente eu

E minha história

Uma história de pelo menos onze anos

Cheia de percursos e percalços

Mas uma vida feliz

Exatamente feliz

Me traz recordações de amigos que conheci durante esse tempo

De amigos que conheci no mesmo tempo

Os mesmos que estavam ao meu lado

E sempre caminharam juntos

Tenho tido essa epifania desde então

E desde que ouvi uma única música

Há 11 anos pela primeira vez

E domingo passado pela última vez

E os amigos estavam ao meu lado

Não, não foi só a emoção de um fã

Foi a emoção de uma época da minha vida que estava ali

Ao meu lado

E que vou carregar comigo aconteça o que acontecer

Esteja aqui ou num barco cruzando o pacífico

Tudo isso nunca será esquecido

Mas sempre será lembrado quando olhar

Para um simples pedaço de papel

quarta-feira, 25 de março de 2009

Just A Thought

Então, meu bem

Engraçado como essas coisas são

Faz alguns dias que eu estou em silêncio

Pensativo e avoado

Digerindo, digerindo e digerindo

Tentando entender o que que me houve

Mas não vêm palavras

Só luzes, sons

E cores! Muitas cores!

Parecia que eu tinha caído num rio

Cheio de gente

E no fundo tinha uma pirâmide luminosa

Que hipnotizava e me sugava

Eu tava indefeso, inquieto e nervoso

Mas não conseguia me mexer

Deixei levar, mas gritava que nem louco

Claro que minha voz não saía

Era abafada por tudo

E sons malucos dentro da minha cabeça

Me deixavam mais desnorteado ainda

Segui afundando

E comecei a notar que tinham pessoas ao meu lado

Pessoas que não via há anos, desde a infância até hoje

E outras que nem conhecia, mas que sentia certa familiaridade

Como se soubesse que iriam entrar na minha vida

Meu passado e meu futuro?

Sei lá

Mas todos meus amigos estavam lá

E deixei de me sentir sozinho

Abracei a todos e eu estava molhado

Completamente encharcado

Mas feliz por estar ali

Então as luzes se intensificaram

Vinham direto em minha direção

Eram luzes fortes, vermelhas, azuis e verdes

Quase me cegavam

E me atraíam

O som ensurdecedor

Melancólico, insano e repetitivo

Me enlouquecia

Eu não conseguia pensar em nada

E fui me aproximando de tudo aquilo

E vi dois olhos esquisitos, gigantes

Me olhavam e me deixavam perturbado

Me atraíam para uma parte escura

Só conseguia perceber alguns peixes estranhos

Nadando e fugindo de vermes querendo devorá-los

E os vermes vieram atrás de mim

Eu continuei nadando

Senti que os vermes me queriam

E o que eu tinha?

Uma arma e um pacote de sanduíches

E mais nada!

E mais nada!

Vocês me querem?

Então venham me encontrar!

Eu tou pronto!

E as luzes se tornaram brancas

E mais intensas

O som mais distorcido e frenético

Que porra eu tou fazendo aqui?

E as luzes apagaram

O som calou

Eu cheguei no fundo e escapei

E não havia o que temer nem o que desconfiar

quarta-feira, 18 de março de 2009

You´re so fucking special...



No segundo dia de Latin American Tour, no México

Eles tocaram creep, uma música do álbum de 93

Ou seja, existe a esperança de músicas antigas, bem antigas!

Perplexidade e êxtase total

Não consigo mais pensar em nada!

segunda-feira, 9 de março de 2009

A benção, minha mãe

Prometo que é a última vez que toco neste assunto
E talvez seja a primeira vez que eu fale dessa forma
Mas na última sexta-feira eu tive uma epifania
Lembrei de um ingresso de futebol que sempre deixei guardado no meu guarda-roupa
Dia cinco de março de 2008
O Remo perdeu, era contra um time fraco, tinha a vantagem e foi eliminado
Mas isso não é sobre futebol
Porque foi a primeira vez que fui a um estádio e não consegui ver o jogo
Não conseguia pensar em nada
Talvez nem eu e nem os jogadores do meu time
Porque não houve futebol aquele dia
Acho que os jogadores também não conseguiam pensar em nada
Mas eu guardo até hoje aquele ingresso
Que nunca me lembra de futebol
E sim do dia que comecei a me tornar de verdade
Virar gente, homem, adulto de vez
Tive que dar conta da vida de outra pessoa
Nesse dia minha mãe voltou do médico com um diagnóstico
Ela tava com depressão
E eu que nunca tinha vivido isso de verdade
Tive que dar conta a sozinho
E vi e ouvi coisas que me marcaram
Eu não tinha noção do que era essa doença
E acho que muitas pessoas não têm
Que se confunde com tristeza profunda ou outra coisa parecida
Posso dizer que é muito pior
E foi um mês pauleira também
Somatizaram-se outras coisas também
Que só ajudaram a criar um cenário desagradável
Por vezes pensei que não iria dar conta
Não era raro eu acordar no meio da noite pensando que aquilo não fosse verdade
E pedi ajuda
E tive ajuda
E agradeço demais as pessoas que estiveram comigo nessa fase
Fisicamente ou psicologicamente, mas que me ajudaram
E deu tudo certo, a vida voltou ao normal
Mas alguma coisa tinha mudado
Me dei conta que tinha sido eu
E na última sexta-feira eu tive uma epifania
Quando levei minha mãe a uma festa e ela se divertiu
Com suas amiguinhas
Dançamos a noite toda, até parar a música
Lembrei de tudo o que tinha acontecido
E fiquei olhando pra ela, emocionado
E muito mas muito feliz
Alegria que foi percebida pelos meus amigos depois
Ainda mais quando soube que o nome dela estaria domingo nos dois maiores jornais da cidade
Falando sobre o seu trabalho
Não estava cabendo em mim
E sábado, quando recebi uma notícia maravilhosa de uma amiga
Não me agüentei, bêbado e fantasiado
Chorei
Chorei por tudo o que me aconteceu nesse último ano
E o que a vida tinha se tornado
Acho que foi a primeira vez depois de toda essa história que isso me aconteceu
E me sinto muito feliz
Portanto, quero dedicar ainda este dia das mulheres
À mais especial de todas
A quem devo tudo
E que até quando não quer
Me ensina a viver e me faz amadurecer de verdade
Que quer me dar carinho como a uma criança
Mas sabe o que criou
A benção, minha mãe

sábado, 7 de março de 2009

#16 - And there´s nothing to fear and nothing to doubt



Pyramid Song

I jumped in the river and what did I see?
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cars
All the figures i used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat

There was nothing to fear
and nothing to doubt

I jumped into the river
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cars
And all the things I used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt

There was nothing to fear and nothing to doubt
There was nothing to fear and nothing to doubt

quarta-feira, 4 de março de 2009

#19 - A primeira de todas....

Ah, se não fosse o carlinhos.... Agora olha como vai ser a iluminação do palco!



Fake Plastic Trees

Her green plastic watering can
For a fake Chinese rubber plant
In the fake plastic earth
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plants
To get rid of itself

It wears her out, it wears her out
It wears her out, it wears her out

She lives with a broken man
A cracked polystyrene man
Who just crumbles and burns
He used to do surgery
For girls in the eighties
But gravity always wins

And it wears him out, it wears him out
It wears him out, it wears

She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My fake plastic love
But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run

And it wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out

And if I could be who you wanted
If I could be who you wanted
all the time
All the time...

#20 - I want to be someone else or I´ll explode...



Talk Show Host

I want to
I want to be someone else or I'll explode
Floating upon this surface for the birds
The birds
The birds
The birds

You want me?
Fucking well come and find me
I'll be waiting
With a gun and a pack of sandwiches
And nothing
Nothing
Nothing
Nothing

Nothing

You want me?
Well come on and break the door down
You want me?
Fucking come on and break the door down
I'm ready
I'm ready
I'm ready
I'm ready
I'm ready
I'm ready

segunda-feira, 2 de março de 2009

Agora é overdose

Bom, o texto anterior foi escrito na madrugada de sábado pra domingo, eu não tinha dormidoentão ainda era fevereiro, mas o blogger segue a determinação de que o dia começa as 0h00.

Tava vendo aqui que ela completa a trilogia RGB, já que tivemos O Ônibus Azul e O Muro Verde. Não, não foi proposital, aliás, nem fui eu quem percebeu isso.

Mas enfim, mês de março, um mês muito importante neste e já começou com um monte de coisas aparecendo por aí e a mais aguardada de todas num preciso nem falar.

Na minha contagem já tá em 20 dias e já está começando a cair a ficha

Pois bem, vou postar aqui alguns vídeos das músicas do top radiohead

a começar pela número #22 - Lift (que nem tinha na biblioteca do blip.fm)



Lift

This is the place
Sit down, you're safe now
You've been stuck in a lift
We've been trying to reach you, Thom

This is the place
It won't hurt, it will not hurt

A smell of recognition
A face you barely loved
Empty all your pockets
'Cause it's time to go home

This is the place
Remembering all the things you always see

You've been stuck in a lift
In the belly of a whale
At the bottom of the ocean

A smell of recognition
A face you barely loved
Empty all your pockets
'Cause it's time to go home

Today is the first day of the rest of your days
So lighten up, squirt

domingo, 1 de março de 2009

Noites vermelhas...

Tenho duas versões de mim mesmo
Uma pela manhã, outra pela noite
Talvez seja bipolar, talvez seja normal
Mas acho que me considero de verdade quando o sol já se pôs
Ou talvez como sol esconda as estrelas
Ele também não mostre aquilo que não se quer revelar
Seja isso essência ou seja medo
Não sei
Mas tenho esperado demais pela noite
Por ser mais fácil de transparecer desejo
Por ser mais fácil de sentir, de falar, de querer
Não sei
Mas o que deva ser falado, sentido ou querido
Só me vem depois do pôr-do-sol
É quando me sinto mais latente
É quando te falo o que quero sem pensar duas vezes
E me desarmo com sorrisos e beijos de boa noite
Vulnerável
Total
Coisas que te digo que nunca diria ao meio-dia
E coisas que sinto que nunca se sentem depois de um café
Mas quem vai dizer?
Eu não, não agora com o sol
Não faz sentido algum
Não encaixa dentro de vida normal
Mas é o que se sente antes de dormir
Quando o cabelo tá bagunçado
Quando não resta mais nada, nem ninguém
Não sei
Mas é sentido e é sonhado
Mas não triste, não melancolia
Sentimento bom, sentimento que falta
Mas que não raia
E quem vai dizer?
Nem sei se me faço entender
Eu tento não transparecer tanto
Mas me desarmo com sorrisos e beijos de boa noite
Nem queria, juro
Não por fazer mal, não faz
Mas por não fazer sentido, não faz
Mas é sentido
O que fazer?
Não sei
Poderia dar mil explicações
Mas à luz do dia, quem vai dizer?
É por isso que eu preciso da noite
Da madrugada
De amanhecer o dia já mal dormido da segunda
É que me dá coragem
De enfrentar um exército com os braços e peito aberto
Talvez não seja eu
Seja a noite
Vermelha
Molhada
Mas talvez seja eu
Encharcado
Mas quem vai dizer?
Eu?
Que de manhã passo ao seu lado
Quantas e quantas vezes sem te ver
Precisei e sempre da noite pra entender
O que nunca fica claro
Porque ainda é noite
Mas que não deixa de ser
Porque é vermelho
Como a chuva
Porque é distante como a lua
Porque não é dia
Mas quem é que vai dizer?
Não eu
E se for
Não hoje
Porque já amanhece
E leva junto as estrelas
E também o sonho
E me faz pensar, pensar e pensar
E esperar de novo
Pelo pôr-do-sol
E esperar de novo, por mim
E quem vai dizer?
Talvez a noite
Talvez à noite

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sobre o acaso e outras coisas que te acontecem...

- Mas tu tá bem pra caralho, hein?

- É, mas não tou feliz.

Assim, quase me resignando concluía uma conversa de uma das maneiras que eu mais gosto: de madrugada, num boteco ruim com música boa, com cerveja, cigarro e um bom amigo do lado.

Mas como pode alguém estar bem mas não feliz? Acho que insatisfeito é mais correto pra este caso. O ano novo chegou, um mês só se passou depois de toda aquela conclusão quase novelística do ano passado e então já vem tudo outra vez? Insatisfação? Vai entender.

Acho que assim como eu tenho um carma com junho (clique aqui), eu devo ter o meu problema com janeiro. Porque ele é sempre o oposto do que vai ser o meu ano. Geralmente quando acontece alguma cagada de bater carro, afilhada quebrar o braço, mãe ficar doente, isso é prelúdio de um ano cheio de recompensas e quando acontecem viagens, paixões, o sei lá mais o que, geralmente dá merda!

Mas também não é beeem por aí. Ano passado começou maravilhoso e terminou perfeito. O problema, talvez, tenha sido que os planos foram todos resolvidos, aí ficou o feliz para sempre, a novela acabou depois do clímax apareceram pessoas casando, filhos nascendo, todo mundo se dando bem e o vilão se dando mal.
Só que é bom porque o filme acaba, rola o fade out básico, rola aquela música bem bacana, tipo Just Like Honey ou Black Swan, as luzes se acendem e todo mundo vai embora feliz da vida.

Mas o filme continua, a Branca de Neve não agüenta mais lavar a roupa suja do maridão que sai pra conquistas, volta e meia ainda pega uma mancha de batom no colarinho da camisa e rola aquele barraco. E o príncipe encantado não sabe mais com quem foi que ele casou, que quando tinha sete machos na casinha que ela morava antes ela não reclamava tanto nem era tão mandona.

Enfim, life goes on, baby!

Só que eu mudei, baby, ao invés de ficar se lamentando ou sem saber que porra de rumo tomar, eu já refiz tudo e tou refazendo de novo até eu achar o que seja melhor para mim. No momento, é das atitudes pra mais de egoístas e só tou fazendo o que dá na telha mesmo, porque eu tou fazendo só pra mim.

Mas uma coisa eu adicionei nessa história: o acaso. Foi uma lição que eu aprendi de com força foi de deixar algumas coisas nas mãos da “providência divina” ou o que quer que isso seja e a maioria das coisas boas que tem me acontecido ultimamente é por conta disso.

Pras ruins, eu só lembro que um dos meus álbuns mais ouvidos no momento é da banda Yo La Tengo que chama I´m Not Afraid of You And I Will Beat Your Ass.

Pras boas, eu vou de peito aberto, sem medo.

Ora, ora, um racional extremo fazendo só que o coração manda? Não, não, calma aí, nem é pra tanto. Porra-louca mas nem tanto, só que é bom de vez em quando viver o sentimento em seu estado puro, dá uma liga muito boa.

E aí se vê até onde se chega.

Então, por enquanto, sem limites, sem arestas, sem apegos.

Só linhas tracejadas, caminhos por percorrer e disposição nas pernas pra ir.

Ao acaso ruim, um “pode vir!”

Ao acaso bom, um sorriso de canto da boca antes de dormir.

Indo sonhar como Judy e seu sonho de cavalos...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

tem duas cores na minha cabeça...

Desde que o relógio deu 0:00, que eu comi lentilha e carne de porco, que eu estorei champagne e bebi whisky e fiquei na praia até de manhã comemorando que eu não consegui parar...

Muito assunto ao mesmo tempo, o negócio estava totalmente pegante. Novidades, trabalho novo, experiencia nova, amigos de longe presentes, parentes de fora presentes, amigas de perto indo pra longe, uma cagada...

Foram três semanas de muita emoção, por ora bem sentimentais mesmo com as despedidas e por ora bem stressantes por conta de prazos e preparações para uma experiencia profissional completamente nova.

Consegui sobreviver bem as duas e aproveitei o forum social mundial pra estudar um pouco a minha cabeça e minhas motivações pessoais. Foi bastante filosófico mesmo, mas sem a parte da cannabis sativa nem de palavras como altermundismo e fetichismo das relações sociais e as crises ambientais e financeira, colapso do neoliberalismo, etc.

Apesar de bastante cansativo, deu pra botar as coisas no seu devido lugar e por agora, já fevereiro, eu consigo prever, planejar e botar em ordem tudo o que tenho por fazer em 2009 e a partir de hoje já comecei a botar a mão na massa.

Agora consigo respirar o ar do ano novo, portanto Feliz 2009 pra todos

And, remember: faltam só 47 dias!

Beijos a todos

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Contagem regressiva

Sim, todo mundo sabe q eu sou super fã do radiohead e vou pro show

Mas agora eu tou fazendo uma contagem regressiva pro dia do show em sp.

Mas com as músicas do radiohead, cada dia com uma..

E pra isso tiver que escolher quais são as melhores músicas do radiohead pra mim...

Bom, quando eu comecei a fazer isso faltavam uns 80 dias, então tive que pensar muito e escolher qual as músicas preferidas e qual a ordem delas...

Hoje, quarta, faltam 53 dias e eu comecei a contar em 73

Vou postar uma por dia no meu blip: http://blip.fm/indiorubber

Pra você ter uma idéia do que já passou por lá

54 Planet Telex
55 where i end and you begin
56 The Trickster
57 You and Whose Army?
58 You
59 Bulletproof... I Wish I Was
60 house of cards
61 Lurgee
62 Morning Bell
63 My Iron Lung
64 sail to the moon
65 Street Spirit (fade out)
66 Sulk
67 The National Anthem
68 Thinking About You
69 Vegetable
70 sit down, stand up
71 videotape
72 Banana Co
73 Anyone Can Play Guitar

Ainda tem muito tempo e muita música pra ser ouvida!

Desafio a acertarem qual o top ten! Vale um brinde ainda não pensado! Mas vale!

Tem 43 dias pra isso!

O link direto é http://blip.fm/profile/indiorubber/playlist

E aí? Te garante?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Um outro mundo é possível

Eu vejo tanta coisa acontecendo na cidade nesses últimos dias e por compromissos profissionais me fiz ausente desde o início do ano.

E vi muita gente empolgada com o Fórum Social Mundial e muita gente falando besteira.

Impressionante! Que as pessoas iriam espalhar feses na Av. Nazaré/Magalhães Barata, que iam botar fogo em todas as lanchonetes do McDonald´s e fazer a maior arruaça, que as pessoas só viriam pra cá pra fornicação total!

Eu fiquei meio chocado com essa parcela da população, e são pessoas que convivem comigo, que no resto da vida são como eu, gostam do que eu gosto, mas de onde vêm tanta antipatia com esses movimentos sociais?

Apesar de estar trabalhando na época do evento, pedi ao meu chefe que me liberasse para participar e ele autorizou. Eu fui então fazer a inscrição lá na UFRA, um dos locais do evento e onde encontra-se o acampamento da juventude.

Eram esperadas 15 mil pessoas passarem por lá, mas fui a tarde, após o almoço.

Fui de ônibus, porque sei que na perimetral é impossível estacionar carros e já no ônibus um monte de estrangeiro querendo achar o seu lugar. E como tinha vindo de casa, já tava de bermuda e com uma camisa da campanha do emaús que eu tinha desenvolvido a marca do evento, todo empolgado!

Funcionou a comunicação. Fui abordados por alguns gringos perguntando onde era pra descer, mas orientei pra eles descerem onde eu iria e que ficassem tranquilos.

Chegando lá tinha uma fila grande, mas tudo correndo bem, as pessoas falando bastante, todas muito animadas.

Mas, epa, é Belém, é janeiro e era depois do almoço. Claro, veio a chuva! E eu, super tranquilo, curtindo as aventuras com a minha camisa de movimento social, fiquei lá curtindo um banho, só não mais curtido do que um monte de estrangeiro pulando no meio da grama, sabe-se lá porque.

Eis que de repente, um estalo me fez perceber onde eu estava:

As pessoas começaram a comprar guarda-chuvas (ou guardachuvas?), mas não todas e cada um foi cedendo um pouco do seu espaço para que outro viesse se abrigar.

Eu lembro que eu mesmo não me importando com a chuva apareceram dois guarda-chuvas (continua o hífen, thanx google) por perto e ficaram embaixo dele cinco pessoas...

Isso poderia acontecer em qualquer lugar, com qualquer pessoa, você me diz

Mas aquilo aconteceu não por acontecer, aconteceu pra eu me lembrar o que era tudo aquilo

Pra me mostrar onde é que eu tava e se eu, que gosto de tudo o que eu consigo ter, estou satisfeito por ter trabalhado e comprado o meu carro mas mesmo assim, gostaria que o mundo fosse diferente, onde as oportunidades fossem realmente iguais para todos.

Onde as pessoas fossem realmente livres para fazererem o que bem entenderem e não apenas o que é possível ou o que a vida permite que seja feito.

Eu acredito nisso de verdade e muitas vezes me sinto meio marciano com isso.

Mas ali eu pude entender que na verdade, tem muitos outros bichos-grilo como eu que querem alguma coisa diferente, que sabem que do jeito que tá esse mundo de meu deus do céu não aguenta mais cinquentinha, cem anos.

E cabe a essas pessoas ao menos acreditar, e tentar fazer o que realmente se quer

um outro mundo!

Boa semana a todos!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Bolas Pares

Já pensou se um dia o mundo parasse de girar, o que aconteceria?

O tempo simplesmente pararia e aí?

Num momento em que um tempo não passa o que a gente faz?

Dava pra planejar o segundo seguinte, não?

E poderia se refletir sobre aquilo que se tá fazendo ou deixando de fazer

É até engraçado, porque a vida é um eterno girar

Como pneu de carro

Mesmo quando fura, não dá pra parar pra trocar

E na maioria das vezes a gente nem sente que o pneu tá furado e continua

Mas às vezes rola de perceber as coisas, as nuances

Principalmente o que foi que mudou

Por conta do momento e do destino

Meus amigos e eu ficamos num eterno ir e vir de local

E eu tive a oportunidade de juntar os mais próximos

Como aconteceu, por exemplo, numa saída para um bilhar

Coisa simples, duas duplas, bolas pares e bolas ímpares

E depois a gente sentou pra conversar

Dos quatro que ali estavam, só eu ainda moro com os pais

Todos formados e de alguma forma conseguindo se dar bem

Morando longe, vivendo a experiência de morar só

Ou acompanhados

E conversando deu pra perceber o quanto cada um tinha mudado

Um solteiro, um namorando e dois recém-separados

Mas no ar, o pensamento que não dava mais pra ficar só por aí

Procrastinando a vida adulta

Essa vida de garoto por si só já não supria

E até falando sobre relacionamentos vi caras extremamente sérios

E fiquei pensando sobre esse lado desses caras que não se mostra

Hoje tudo que se fala de homens ou que a TV mostra não funciona

Parece que a gente sempre tá na defensiva
Como se não fosse mais a bola da vez

Como se “homem num presta” ainda fosse verdade absoluta

Tudo bem que existe muito babaca por aí que não sabe respeitar uma mulher

Ou que só pensa em ter o carro mais veloz

Mas é normal, como em todos os outros gêneros ou orientações, sei lá

E quando estalou isso naquela cena, entre cigarros, cervejas e bolas de bilhar

Eu fiquei feliz com aquilo que estamos nos tornando

Homens de verdade

E sempre que for necessário

Vou falar

Mas que não se engane

Porque falarei só por mim

E pelos meus pares


Feliz 2009